sexta-feira, dezembro 19, 2008

Para os alunos de cinema

Já estava consciente há algum tempo quando me levaram ao Hospital Regional Sul. Se em hospitais particulares, limpos, organizados, a morte ainda parece vagar, no hospital público ela marcha sem discrição, inferno, se ostenta como se ainda vivesse numa cidade medieval assolada pela peste. Estava sóbrio, de qualquer forma. Havia lá uma decoração de Natal que, por motivos que já exporei, descobrir se tratar de letrinhas formando palavras anacrônicas como "esperança", "prosperidade", "saúde", etc, sobre chapas de radiografia recortadas e penduradas no teto. O efeito de ver uma caveira ou algumas vértebras junto às palavras de conforto meramente formais e vestigiais era de uma ironia e tetricidade que me invejou, devo confessar. Quase rio e racho meus coágulos. Como adiar a morte sem ajuda de Spera, que aquece as almas e as impede de parar...