É interessante observar pequenas características e idiossincrasias. Às vezes vemos um monstro sob o lago, apesar do sangue e do rosto boiando à superfície, e percebemos que a aparência é, sim, um modo de conhecer, embora possa, também, ocultar e, ainda mais, delatar! Não farei nenhum Rorschach ou qualquer análise mais precisa, de modo que contradições haverá.
Moldem uma figura miúda, de rosto comprido, ossudo (assim como o resto do corpo) e rígido, que cede somente à surpresa de ser desmascarado ou de ser pêgo desprevinido. E vejam, no entanto, que cava um sorriso infantil com facilidade assombrosa e que, no entanto, o enterra rapidamente como se fosse um túmulo, e ela um saqueador de túmulos profano e indigno.
Não ouso dizer que é multifacetada (mesmo porque é um clichê), mas sim que pode ser comparada a uma estranha estrutura geológica, que intercala deliberadamente camadas de diamente e de calcário maleável, sem fim, ou sem um núcleo que a sustente.
Puxa suas mãos para si, como se houvesse ferido alguém ou se exposto, logo após arremessá-las tais quais objetos inúteis. Ou interromper seu canto, fingindo ter esquecido as letras de sua canção favorita, temendo que seu timbre desagrade às pessoas ou desafinar, e comportando-se como se fosse apenas um lapso. Tinha de se punir. Não sei se o fazia diante das pessoas ou mergulhando sob o rosto e o sangue flutuando sobre o pântano, onde acharia o monstro algoz. "Acharia" porque não há nada nele que não tenha sido esculpido do bruto.
Está se afundando, não, virando o pântano, não, areia movediça, em milhões de grãos idênticos, cortantes porém mórbidos (no sentido italiano da palavra, apesar do sentido português também sirva). Nunca mais ouvirá as vozes dissonantes, agora que foram abafadas.
Um extra desnecessário e excessivamente conciso: não pude entrar na escola hoje, o que me levou a perceber que perdera minhas tão únicas digitais. Espero que não tenha perdido um diamante.
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4 comentários:
ãããã...
peraí, vou ler mais umas três vezes.
*loira*
:*
\o/
Pele fina, pele grossa; pele fina...
E algumas máscaras. E-he!
devo salientar que este texto era uma proposta da escola. Devíamos ouvir três vozes lendo um texto qualquer e descrevê-las, imaginar suas histórias de vida, somente a partir da voz.
Como me revelei um perfeito incompetente nessa função, fui forçado a fazer o que faço de melhor: olhar para meu próprio umbigo. Tirei 4 de 5, por causa de uns erros de gramática e sintaxe, e um comentário da corretora:
"seu texto impressiona pela qualidade de construção e pelo afastamento daquele que seria previsível*. Sem digitais, com muito diamante, sua escrita - e talento - se põem à vista. Adoraria te conhecer!
*Mesmo assim, ou principalmente por isso, muito mais cuidado com sintaxe..."
Meu ego inchou demais, sério. Vou estudar sintaxe agora.
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