segunda-feira, junho 16, 2008

Uma viagem

Minha viagem ao infinito foi, a princípio, fruto de mera curiosidade matemática. Sempre quis ver duas retas paralelas se cruzando, e sempre soube que isso ocorreria no infinito.

Sabia que o infinito fica longe. Infinitamente longe. Então peguei um lápis azul e outro vermelho, só para fazer contraste, e comecei a traçar duas retas paralelas. Fui traçando por um bom tempo. Um tempo infinito. Até que, de repente, elas se cruzaram. Pensei: “é aqui”.

Estava no infinito. Acho que é um dos lugares mais fascinantes que visitei até hoje. Olhava ao redor e via coisas que jamais teria visto em outro lugar. Além do cruzamento das retas paralelas vi, ao meu lado, uma parede, um muro escuro. Era infinitamente grande em todas as direções e infinitamente pequeno ao mesmo tempo. Havia uma plaquinha pendurada, onde lia-se “fim do espaço”. Vi também o resulatdo de um dividido por zero. Era infinito! Pelas redondezas havia uma pista de corrida. Me aproximei e qual não foi minha surpresa ao ler, numa pedra em frente ao velódromo, os dizeres “Memorial de Aquiles e a Tartaruga”. Naquele lugar, Aquiles e a Tartaruga haviam empatado. Uma lágrima brotou em meu olho esquerdo.

Fiquei preocupado pois meu trajeto fora longo e eu não havia avisado ninguém a respeito da viagem. Poderiam estar aflitos com minha ausência prolongada. Olhei no relógio. Os ponteiros rodavam loucamente, apesar de estarem parados. Foi então que me dei conta de que o fim dos tempos era lá. Não havia por que me preocupar.

De qualquer forma, julguei que era hora de voltar. Tirei uma fotografia das retas se cruzando, do Memorial, do muro, do resultado de um dividido por zero e peguei o caminho da roça. Na saída do infinito, tropecei na partícula indivisível da matéria. Infinitamente pequena. Infinitamente dolorida.

Xinguei e andei até chegar em casa, na hora em que havia saído.

4 comentários:

Maurício disse...

pero, hombre, o fim do espaço é o fim do tempo também! como termina tudo?

Unknown disse...

aaah, nossa. não acho que
eu seja capaz de chegar ao
infinito...

Marie Tourvel disse...

Chegar num dividido por zero foi "a" experiência. Não é para qualquer um. Parabéns pelo blogue. Muito bom mesmo. Um abraço.

yuribt disse...

Me mostra a foto do Memorial, por favor!
E diziam que Zeno era louco...