sábado, maio 19, 2007

O Céu Esmagador (O Fim Urbano de uma Lenda Não-Urbana)

Agora dissolvia as copas das árvores a escuridão, por sua vez dissolvida pelo sol artificial, que as devolvera do céu esmagador. A noite, que libertava e drogava, sufocava a lua que o guiara. Nada mais lhe pertencia, desde que a lua fora dissolvida junto às copas. Culpava o falso sol e a profundeza criados por seus semelhantes por reprimirem sua dor selvagem. Não sentia o que o mordera, a saliva que o corroía. Pensava apenas em sua guia...

O pretenso dia fê-lo parar diante do rio duro e profundo, que não lhe permitiria mergulhar ou alucinar. Não havia ilusão, somente o plano, preto e branco, que rasgavam seu couro. E então a escuridão dissolveu as copas, os troncos e as raízes e a besta, tomando-as para si.

Um comentário:

yuribt disse...

A Cidade deveria preservar seu não ser...